ALE-RR aprecia vetos governamentais a projetos de lei na sessão desta terça-feira
Parlamentares analisam quatro vetos do Executivo que afetam propostas sobre hanseníase, segurança aquática, inspeção sanitária e robótica educacional.
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Na sessão ordinária desta terça-feira, 29, o plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) analisou quatro vetos governamentais a projetos de lei (PLs), com decisões que impactam diferentes áreas da administração pública, desde questões relacionadas à saúde até políticas educacionais.
Por 16 votos contrários, nenhum favorável e zero abstenção, os parlamentares derrubaram o veto parcial ao Projeto de Lei nº 314/2023, do deputado Claudio Cirurgião (União Brasil), que institui a Semana Estadual de Educação, Intensificação do Diagnóstico, Prevenção e Combate ao Preconceito contra a Hanseníase no Calendário de Eventos do Estado de Roraima.
O governo, por meio da Mensagem Governamental (MG) nº 57/2024, argumentou que, apesar de haver previsão constitucional quanto à matéria, o PL interfere em atribuições exclusivas do Executivo, que incluem a criação e extinção de cargos, funções e empregos públicos na administração direta, autárquica e fundacional, além da estruturação de Secretarias de Estado, conforme estabelecido na Constituição Estadual, art. 63, II e V.
O Executivo estadual ainda pontuou que a medida estabelece que “as despesas decorrentes da execução da lei correrão à conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário”, sem especificar a origem dos recursos.
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Em seguida, o plenário derrubou, por 18 votos contrários, nenhum favorável e zero abstenção, o veto total ao PL nº 201/2021, proposto pelo parlamentar Renato Silva (Podemos), que altera dispositivos da Lei nº 1.522/2021, sobre a obrigatoriedade de salva-vidas em balneários, praias, lagos, lagoas, cachoeiras e rios.
Na MG nº 58/2024, o Executivo alegou que o PL é inconstitucional por atribuir obrigações aos entes federados que ferem a autonomia federativa. “É reconhecida a invasão de competência em três níveis: ao determinar que a função de salva-vidas nos espaços aquáticos da União e dos Estados deverá ser exercida pelos corpos militares de bombeiros dos Estados; ao estabelecer os requisitos quanto à autorização para exercer a função de salva-vidas; e ao impor ao Poder Executivo a edição de regulamento”, diz trecho do documento.
Durante a discussão da matéria, Renato Silva fez um balanço dos afogamentos nos últimos anos no Estado e afirmou que a medida visa resguardar, especialmente, as crianças, que são as principais vítimas nos balneários.
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“Todos os anos temos uma grande quantidade de registros de mortes por afogamento. Em 2020, tivemos 20 mortes registradas, em 2021 foram 25, em 2022 foram 20 e em 2023, 22 mortes por afogamento. Até o momento em 2024, já temos 17 mortes. Então, essa lei faz com que o Corpo de Bombeiros tenha efetivo suficiente para fiscalizar os balneários públicos, e os balneários particulares precisem contratar bombeiro civil, para que possamos reduzir essas mortes principalmente de crianças”, ressaltou o deputado.
A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas) também acompanhou o entendimento de Silva e pediu a derrubada do veto. “Esse projeto altera uma lei de minha autoria aprovada em 2021. Nossa posição é que essa nova lei vem para fortalecer a lei existente, criando novos mecanismos e esclarecendo novos pontos. Portanto, somos favoráveis e pedimos a rejeição do veto”, destacou a parlamentar
Manutenção de vetos
Por sua vez, com nenhum voto contrário, 18 favoráveis e zero abstenções, o plenário manteve o veto total ao Projeto de Lei nº 062/2024, que dispõe sobre o Serviço de Inspeção Sanitária e Industrial de Produtos e Subprodutos de Origem Vegetal em Roraima.
De acordo com a Mensagem Governamental nº 59/2024, o processo apresenta vício de iniciativa, pois a matéria é de competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo, tratando-se de atribuições da administração pública estadual.
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No debate da matéria, os parlamentares chegaram ao consenso pela manutenção do veto. O autor da matéria, Gabriel Picanço (Republicanos), reconheceu que, apesar da relevância da medida para o setor produtivo, o projeto voltará à Casa após a indicação que fará ao Executivo. “Para que possamos aprovar esse projeto, que é de suma importância para os pequenos produtores e comerciantes de produtos vegetais, para que eles possam expandir suas vendas no mercado atual, precisamos da regulamentação dessa lei”, afirmou Picanço.
A articulação de Picanço junto ao Governo do Estado para readequar a política foi elogiada por parlamentares. “Por ser matéria privativa, esse projeto foi vetado pelo governo. A procuradoria dessa Casa entendeu o mesmo, mas quero agradecer ao deputado Gabriel pela humildade com que recebeu esse veto. Estivemos juntos com ele, com o Governador e também na Casa Civil, e eles já estão trabalhando para que venha esse projeto de lei sobre o mesmo assunto por indicação do Gabriel”, reconheceu o líder do Governo, deputado Coronel Chagas (PRTB), também relator do PL.
“Quero parabenizar o deputado Gabriel por entender que o melhor caminho é a construção do diálogo junto ao Executivo, e dessa forma atender ao setor produtivo. Já vimos matérias votadas aqui que mais tarde foram derrubadas pelo STF [Supremo Tribunal Federal], como foi o caso do IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores] para carros elétricos”, complementou o líder do Republicanos, deputado Marcos Jorge.
Por fim, os deputados ainda mantiveram, por 7 votos contrários, 8 favoráveis e zero abstenção, o veto total ao PL nº 163/2023, que reconhece a robótica como esporte de competição e assegura aos estudantes do Ensino Fundamental o acesso a conteúdo educacional de robótica.
De autoria do deputado Éder Lourinho (PSD), o projeto recebeu veto do Executivo por meio da MG nº 60/2024, que alegou vício de iniciativa e afronta à Lei Complementar nº 101/2000.
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Antes da votação, o deputado Marcos Jorge se posicionou pela derrubada do veto, por entender que a matéria, ao reconhecer a robótica como esporte de competição, fortalece essa modalidade, que é vista como uma das profissões do futuro.
Entenda o veto
Quando o Governador do Estado considera um projeto de lei aprovado na Casa Legislativa inconstitucional ou contrário ao interesse público, pode vetá-lo total ou parcialmente no prazo de 15 dias úteis, contados da data do recebimento. O governador deve comunicar as razões do veto ao presidente do Poder Legislativo em até 48 horas.
A matéria vetada é submetida a discussão e votação em turno único dentro de 30 dias após seu recebimento na Assembleia. Para rejeitar o veto são necessários 13 votos contrários.
Após a decisão, o governador tem prazo de 48 horas para promulgar a matéria. Na sua omissão, cabe ao presidente da Casa fazê-lo, e se este não o fizer em igual prazo, a responsabilidade passa ao vice-presidente.
Acompanhe o processo legislativo
Para consultar detalhes dos projetos analisados e votados na ALE-RR, acesse o Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL) no portal da Assembleia Legislativa. A ferramenta permite acompanhar o andamento completo das matérias, incluindo pautas das sessões, votações e documentos relacionados.