21 Dias de Ativismo: Núcleo da ALE-RR fortalece combate à violência contra mulher em Roraima
Campanha nacional começa nesta quarta-feira; movimento busca combater violência de gênero.
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A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) atua em prol do público feminino por meio da Secretaria Especial da Mulher (SEM) e do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (PDDHC) ao longo do ano. Entre as ações, está o fortalecimento da campanha nacional “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, que se inicia nesta quarta-feira, 20.
O movimento, criado no país em 2013, começa no Dia da Consciência Negra e se encerra em 10 de dezembro, data em que foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os dois momentos são marcantes e sensibilizam sobre a violência de gênero.
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A campanha visa alertar as pessoas sobre os diferentes tipos de violência contra meninas e mulheres em todo o mundo, por meio de ações de diversos atores da sociedade civil e do poder público.
O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), destacou o compromisso da instituição com a luta pelo fim da violência contra as mulheres, ressaltando a importância da campanha “21 Dias de Ativismo”.
“O enfrentamento da violência contra a mulher é uma responsabilidade de todos nós. A Assembleia Legislativa, por meio de iniciativas como a SEM e o PDDHC, tem trabalhado para oferecer suporte às vítimas e conscientizar a população. É uma causa urgente que exige união de esforços entre o Poder Legislativo, instituições e toda a sociedade”, afirmou Sampaio.
Ele enfatizou a necessidade de avançar nas políticas públicas de proteção e prevenção, destacando que é preciso educar, prevenir e garantir que as mulheres tenham acesso à segurança. O presidente também reforçou o papel do parlamento estadual na aprovação de leis que promovam igualdade e justiça social.
“Essa campanha nos lembra que podemos e devemos fazer mais. Não podemos aceitar que nossas mães, filhas e irmãs vivam com medo. Esta Casa Legislativa continuará empenhada em promover mudanças significativas para combater essa realidade”, concluiu.
A iniciativa é um desdobramento da campanha internacional “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, criada em 1991 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, atualmente, ocorre em mais de 150 países.
Em Roraima, a Lei nº 1.937/2024 instituiu a campanha “21 dias de ativismo pelo combate à violência contra a mulher e ao racismo e pelos direitos humanos”.
Além das datas já citadas, a campanha estadual foi criada em alusão ao Dia da Não Violência contra a Mulher, celebrado anualmente (25/11); ao Dia Mundial de Combate à AIDS, celebrado em 01 de dezembro; e ao Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, celebrado em 06 de dezembro.
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Tipos de violência
Todos os dias, milhares de mulheres no mundo inteiro são vítimas de violência doméstica e familiar, que podem se caracterizar como violência física, psicológica, moral, patrimonial, sexual, virtual e política.
Dados do governo federal, por meio do Atlas da Violência, apontam que Roraima registrou 330 homicídios de mulheres num período de 10 anos, entre 2012 e 2022. Desses casos, 152 vítimas são negras.
Uma pesquisa realizada pela DataSenado em 2023 em Roraima mostrou que 73% das mulheres entrevistadas afirmam que uma amiga, familiar ou conhecida já sofreu algum tipo de violência doméstica ou familiar, bem como 28% informaram que já sofreram violência provocada por um homem.
No Estado, a Secretaria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima (SEM/ALE-RR) trabalha a prevenção e o enfrentamento da violência, por meio de atendimento multidisciplinar nas áreas da psicologia, assistência social e jurídica.
O local dispõe de vários projetos, como o Grupo Terapêutico Flor de Lótus, e cursos de defesa pessoal para as mulheres ao longo do ano, além do Centro Reflexivo Reconstruir, voltado para ressocialização do agressor, seja ele enviado pela Justiça ou que tenha buscado o atendimento por conta própria.
“Nesse período de campanha, buscamos orientar ainda mais a população sobre os direitos que as mulheres têm, da igualdade de direitos e da não violência contra a mulher. Então a Assembleia, através da secretaria, tem esse papel importante”, explicou a diretora da SEM, Glauci Gembro.
Com isso, haverá mais palestras em escolas de Roraima, como também panfletagem nas ruas e aulas extras de defesa pessoal.
“É importante frisar que o poder público tem um papel significativo com as ações, mas o da família é fundamental para educar nossas crianças e jovens sobre o respeito com as mulheres. Quando temos uma família transformada, temos uma sociedade realmente diferente”, frisou.
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Direitos Humanos
Além das inúmeras violências que já sofrem, as mulheres são os principais alvos de criminosos que traficam pessoas. O Poder Legislativo também atua em combate a este crime, por meio de ações do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (PDDHC).
Atualmente, o núcleo conta com os projetos Educar é Prevenir, que consiste em atividades educativas para alertar as crianças e os adolescentes, dentro das escolas; e o Prevenção sem Fronteiras, que visa fortalecer a rede de enfrentamento e combater o tráfico de pessoas em quatro municípios roraimenses que foram mapeados como portas de entrada e saída para esse crime, tipificado como hediondo.
“No ano todo, trabalhamos em prol das mulheres e meninas, na garantia dos direitos humanos das pessoas. E, com esses trabalhos, vamos sensibilizando as pessoas sobre seu papel, que é trabalhar as questões dos direitos dessas mulheres, principalmente porque Roraima se tornou cenário de muitas violações contra as meninas e mulheres”, frisou a diretora do PDDCH, Socorro Santos.
Ela também reforçou a importância de a Assembleia Legislativa ir além de legislar e exercer o braço social, mesmo que não seja o papel do órgão.
“É um trabalho eficiente para a sociedade, pois a Assembleia dá o suporte técnico para que as pessoas possam ser atendidas quando precisam. Se coloca onde a política pública não está acontecendo, se sensibiliza com as causas e faz funcionar”, afirmou.
Leis estaduais
Anualmente, o Poder Legislativo levanta pautas para a proteção das mulheres, que acabam se tornando leis. A matéria mais recente é a Lei nº 2.053/2024, que estabelece diretrizes gerais para o combate à violência contra mulher em ambiente escolar no Estado.
A lei prevê a implantação de programa obrigatório de conscientização e prevenção à violência contra a mulher, além da criação de órgãos para receber denúncias e dar acolhimento às vítimas, como ouvidorias e grupos interdisciplinares.
Já a Lei nº 2.038/2024 obriga hotéis, motéis, pousadas e estabelecimentos com função similares a adotar medidas de auxílio à mulher que se sinta em situação de risco.
Outro exemplo é a Lei nº 1993/2024, que dispõe sobre a obrigatoriedade da divulgação de campanhas contra assédio ou importunação sexual contra mulheres (campanha Não é Não) em shows e festas que sejam realizadas e/ou que tenham patrocínio do governo do Estado.
Bruna Cássia