Deputados defendem que discussões no STF são responsabilidade do Legislativo
Coronel Chagas disse que pautas como descriminalização do porte de maconha, marco temporal e aborto são de competência do Congresso.
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O deputado Coronel Chagas (PRTB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e disse, nesta terça-feira, 3, que algumas pautas em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) são responsabilidade do Congresso Nacional. Ele mencionou a descriminalização do porte de maconha, a decisão desfavorável ao marco temporal e a legalização do aborto.
Segundo ele, esses debates cabem ao Poder Legislativo, e a justificativa dos ministros da Corte do Judiciário de que estão interpretando a Constituição Federal, não deve prosperar. Chagas avaliou que a atuação do STF enfraquece a separação entre os Poderes e concede aos magistrados a missão de reformar a sociedade a partir da interpretação constitucional.
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“Interpretar a Constituição é derrubar o que não pode ser feito. Legislar é decidir regras positivas sobre o que deve ser feito. Os magistrados procuram um consenso interno sobre o peso exato da maconha de uso pessoal, para elaborar regras específicas para atribuição de terras indígenas e agora a liberação do aborto com até 12 semanas de gravidez”, reforçou o parlamentar.
Chagas ponderou que, do ponto de vista científico, não há consenso sobre quando o embrião se torna um feto, ou seja, quando a vida é gerada. Esse é justamente o cerne do debate no STF, onde a relatora, a ex-ministra Rosa Weber, votou pela autorização do interrompimento da gravidez até a 12ª semana, por entender ser um tempo razoável frente a todas as questões levantadas sobre o tema.
“Interromper a vida embrionária é interromper uma vida. O Legislativo já legislou sobre o aborto. Há exceções permitidas. Quando há risco para a vida da mãe, em casos de estupro e de fetos com anencefalia [quando o feto não tem cérebro]. Isso é compreensível. O STF quer liberar o aborto, relativizar a vida. Não podemos permitir”, considerou, ao acrescentar que seja feito um debate público.
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Apoio parlamentar
A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas) criticou que muitos parlamentares não sabem a atribuição das ações legislativas. Ela disse ainda se sentir envergonhada com todo esse debate e que parte dos políticos não busca atuar pela sociedade, mas, sim, pautados em interesses pessoais.
“Dói eu dizer que faço parte de um Poder Legislativo que assiste a isso de forma vergonhosa, de braços cruzados, enganando a população. Pessoas que vão pedir voto de casa em casa dizendo que vão lutar pelo bem-estar do estado e do país e não sabem como funciona o Congresso Nacional, nunca foram lá”, complementou.
O presidente da Casa Legislativa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), também avaliou que lacunas deixadas em aberto pelo Congresso Nacional fizeram com que o STF tomasse decisões. Sampaio afirmou que é preocupante não observar esses debates dentro das principais casas de leis do Brasil.
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“A política brasileira passa por crises, acabamos de passar por um processo eleitoral com ideologias extremas de ambas as partes, e o que menos se viu foram propostas de governo e dos interesses da população. Essa negação da política abre esses espaços e o STF vem com os ministros, provocados por entidade ou partido, em temas relevantes que são de competência do Congresso Nacional”, externou.
Debate público
Ainda durante a sessão, os deputados aprovaram o Requerimento nº 96/2023, de autoria de Coronel Chagas e Soldado Sampaio, para a realização de audiência pública com o tema “Pacto pela Vida e pela Família”, a ser realizada em 11 de outubro, às 9h, no Plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas.