Procuradoria Especial da Mulher participa do I Fórum de Combate à Violência Obstétrica do Estado
Em 2021, Roraima ocupou o primeiro lugar no ranking de mortalidade materna, com 280 mortes a cada 100 mil habitantes.
![](https://roraimaemfoco.com/wp-content/uploads/2023/03/forumviolenciaobstetrica1.jpg)
A Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) participou na manhã desta sexta-feira (10) do I Fórum de Combate à Violência Obstétrica do Estado. Organizado pela Defensoria Pública (DPE) em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), o encontro reuniu defensores públicos, autoridades dos Três Poderes, ativistas, comunidade científica e profissionais da saúde.
![](https://roraimaemfoco.com/wp-content/uploads/2023/03/terezinhamuniz9.jpg)
“A violência obstétrica é invisível, não há na Defensoria Pública demanda nesse sentido. Mas a partir de notícias veiculadas pela imprensa sobre mortes de bebês e mulheres em situação de violência obstétrica e institucional, nós decidimos, em parceria com a UNFPA, em alusão ao ‘Mês da Mulher’, fazer esse fórum, para que possamos tirar esse tipo de violência da invisibilidade”, explicou Terezinha Muniz, defensora-chefe da Defensoria Especializada da Mulher, na abertura do evento.
![](https://roraimaemfoco.com/wp-content/uploads/2023/03/patricialudmila1.jpg)
Patrícia Ludmila Melo, coordenadora de Prevenção e Resposta à Violência Baseada em Gênero (VBG) da UNFPA, cobrou a efetivação de direitos. “Na semana do 8 de março, trazemos um tema tão importante, pois queremos mais do que flores, queremos igualdade, reconhecimento e respeito”.
Dados da invisibilidade
Para 25% das mulheres brasileiras, um dos momentos mais especiais da vida é eclipsado por um trauma. De acordo com dados de um relatório das Nações Unidas de 2022, uma em cada quatro mulheres já sofreu violência obstétrica no Brasil.
Durante a gestação, no pós-parto ou até mesmo em casos de necessidade de aborto, elas sofrem abusos quando procuram serviços de saúde. As condutas impróprias vão desde maus-tratos físicos, verbais e/ou psicológicos até a negligência e intervenções desnecessárias que põem em risco a saúde da mãe e do bebê.
![](https://roraimaemfoco.com/wp-content/uploads/2023/03/danielasandy1.jpg)
Em 2021, Roraima ocupou o primeiro lugar no ranking de mortalidade materna, com 280 mortes a cada 100 mil habitantes, segundo levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr). Já este ano, o número de óbitos de bebês no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth atingiu 28 mortes em 37 dias.
Conforme a enfermeira obstetra Daniela Sandy, violência obstétrica contribui para a manutenção desses altos índices de mortalidade materna e neonatal e não deixa dúvidas sobre a urgência de se construir políticas não só pela revisão de práticas dos profissionais de saúde, mas também repensar o sistema como um todo. “Alguma coisa nós precisamos fazer para mudar, como incluir algumas ferramentas na busca de melhorias”.
![](https://roraimaemfoco.com/wp-content/uploads/2023/03/glaucigembro3.jpg)
Para Glauci Gembro, diretora da Procuradoria Especial da Mulher do Poder Legislativo, órgão que por meio do Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) oferece acompanhamento multiprofissional nas áreas jurídica, social e psicológica às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, é preciso construir um olhar amplo sobre as violências vivenciadas tanto nos lares como nas instituições.
“É bem importante DPE fazer esse fórum. A procuradoria trata de violência doméstica, mas como se trata de uma violência sofrida pela mulher, estamos aqui”, afirmou.
Durante o fórum, o tema “Avanços e desafios da gestão: Violência institucional x Violência obstétrica” foi debatido com a diretora do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth, Laís Ketly Vasconcellos Blanco, e Iana dos Santos Vasconcelos, do Observatório de Violência Doméstica Contra a Mulher em Roraima, mediado pela defensora pública Jeane Magalhães Xaud.
Já a mesa 2 discutiu a “Violência obstétrica: Práticas baseadas em evidências como ferramenta de prevenção e mitigação”, com mediação de Patrícia Ludimila, da UNFPA, com a participação de Rachel Geber Corrêa, da Associação Humaniza Coletivo Feminista, e a conselheira do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) Gabriela de Almeida Rodrigues.
Os debatedores e os mediadores também responderam perguntas do público após os debates.
Suellen Gurgel