Migrantes venezuelanos assistem palestra sobre serviços ofertados pela Procuradoria Especial da Mulher
Por ser um Posto de Recepção e Apoio onde entra e sai muitos migrantes com frequência, a parceria com ALE-RR é importante para que eles conheçam as leis brasileiras.
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Mostrar aos migrantes como funciona a legislação brasileira de proteção às mulheres vítimas de violência, como a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) foi uma das finalidades da palestra proferida na tarde desta quinta-feira, 27, pela equipe da Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), no Posto de Recepção e Apoio aos imigrantes.
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Durante a palestra, foram entregues panfletos com as informações sobre o CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher). A equipe formada por multiprofissionais como advogada, assistente social e psicóloga, informaram os serviços oferecidos pela instituição, que fica localizada na avenida Santos Dumont, 1.470, bairro Aparecida.
“Fomos procurados pelo pessoal que trabalha com imigração neste posto para uma parceria, e vamos fazer a apresentação dos serviços do CHAME, além de mostrar quais são os tipos de violência doméstica contra a mulher”, explicou a advogada da PEM, Magdalena Ignatz.
A disseminação das leis brasileiras para os migrantes deve ser uma ação contínua por conta da volatilidade, principalmente neste posto de recepção, que diariamente entra novos migrantes, enquanto outros são interiorizados.
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“A Procuradoria está ajudando nessa parte de informação, esclarecendo sobre os tipos de violência doméstica e como ela acontece no dia a dia. É importante essa divulgação porque como eles são de outro país, não conhecem a nossa legislação que protege as mulheres. Não temos um número grande de atendimentos de mulheres venezuelanas, mas atendemos e orientamos, afinal, elas têm os mesmos direitos que os brasileiros natos”, disse.
Zhainab Vallenilla, 31 anos, tem dois 2 filhos, é casada e está há três dias no Brasil aguardando o processo de interiorização para o Estado de Mato Grosso. Ela contou que na Venezuela o tratamento da justiça para uma mulher que é agredida pelo marido só é possível se ela denunciar às autoridades e ficar cobrando um posicionamento.
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“Se a mulher não denunciar, as autoridades não podem fazer nada, não existe uma instituição específica como aqui no Brasil. Então é importante para mim conhecer a legislação, porque se estou aqui e vou me integrar, tenho que saber como funciona”, disse Zhainab, que veio da Ilha de Margarita.
José Manuel está no Brasil há quatro anos e já conhece um pouco da lei que protege as mulheres. “Já escutei falar sobre a Maria da Penha, e acho que a lei é muito boa porque pune quem praticou violência contra a mulher, além de ter o apoio da polícia”, afirmou.
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Karelis Yanez, 26, está há quase dois meses e aguarda a interiorização para Porto Velho. Ela conta que os casos de violência doméstica são tratados de forma diferenciada na Venezuela. “Se a mulher denuncia, o homem é preso, mas é preciso que a mulher fique insistindo junto às instituições para que façam justiça. A lei brasileira é muito boa, minha amiga está passando por um caso de violência com seu marido e as instituições já tomaram todas as providências. Ela tem uma medida protetiva para o marido não chegar próximo dela, e ele é obrigado a dar por mês a pensão alimentícia para los ninos”, contou.
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A gestora do Posto de Recepção e Apoio, Franavis Gomez, disse que o fato de serem pessoas de outro país, que vivenciavam outra realidade, bem como leis distintas da brasileira, se faz necessário esse contato para conhecerem o funcionamento das leis brasileiras.
“É importante que eles conheçam a lei que protege contra a violência doméstica. Aqui no espaço já tivemos algumas situações de casais com problemas, em que as mulheres eram maltratadas pelos maridos. Diante dessas situações, a gente orienta e, dependendo da situação, se é um nível de agressão verbal, chamamos e conversamos individualmente e, posteriormente, juntos, e orientamos a fazer o boletim de ocorrência. Se a agressão for mais grave, acionamos a Força Tarefa”, explicou.
Marilena Freitas